A promiscuidade entre os poderes econômico e político é a face mais pervertida dos sistemas eleitorais modernos.
Siga o Poder News no Instagram.
Vejamos o caso do Brasil. O último pleito, para prefeitos e vereadores, queimou R$ 5,4 bilhões de dinheiro público.
Isso, oficialmente. “Por fora”, ninguém sabe a altura da montanha de dinheiro que irrigou compra de voto.
Aqui entre o escândalo da vez: venda de emendas parlamentares, de Brasília, para feudos políticos municipais.
Pelo que diz a Polícia Federal, há até tabela de preço.
Ou seja, o índice fixo em cima de dezenas de milhões de reais a que cada deputado federal tem direito.
O esquema é simples. O parlamenar carimba a emenda para determinado município e recebe o toco – pode ir de 12% a até 30%.
É o que diz o inquérito da PF, segundo áudios vazados nesta semana.
Democracia pressupõe alternância de poder.
Mas, como isso é possível, com parlamentares e prefeitos triangulando com o bilionário orçamento de Brasília para se manterem no poder?
O dinheiro – de impostos, lembremos -, vai para compra de voto ou contratos – também fraudados.
Nesse formato, é muito difícil a democracia brasileira respirar e experimentar novos ares, personagens e ideias.
Há uma espécie de congelamento político em todo o País, com pouquíssimo espaço para o novo.
Quando muito, há revezamento dentro dos próprios grupos – às vezes, com extensão familiar. Já repararam?
Você já se perguntou por que alguns políticos, em mandato, só aparecem na campanha e mesmo assim são eleitos ou reeleitos?
Ou por que muitos gastam os tufos, que levariam uma eternindade para recuperar?
Há, claro, as honrosas exceções de praxe, que só justificam a regra geral.
De novo. A corrupção alimentada pelas emendas elege prefeitos e parlamentos, a cada dois anos, num sistema que se retroalimenta.
E, assim, a democracia brasileira vai sendo asfixiada.
Bom sábado!