
A China tem ampliado a demanda por bens da indústria de transformação brasileira, especialmente por alimentos industrializados e celulose.
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Entre janeiro e setembro deste ano, esses produtos passaram a representar 20,8% do total exportado pelo Brasil ao país asiático — avanço em relação aos 17,2% registrados no mesmo período de 2024, segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) com base em números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Enquanto isso, a agropecuária manteve participação estável nas exportações para a China, com 39,7%, e a indústria extrativa reduziu sua fatia de 43% para 39,4%.
“Boa parte dos bens da indústria de transformação exportados à China são produtos do agronegócio com algum grau de processamento, como carne bovina industrializada e celulose, que tiveram aumento na demanda”, explica Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC.
Segundo ele, o avanço da indústria de transformação também se explica pela queda nas exportações de minério de ferro e petróleo, o que reduziu o peso da indústria extrativa nas vendas brasileiras ao mercado chinês.
“Não houve retração na demanda chinesa por produtos extrativos brasileiros — em alguns casos até aumentou o volume —, mas os preços caíram”, observa Cariello. “No minério, por exemplo, o volume exportado subiu 4%, porém o faturamento caiu 11% devido à desvalorização do produto.”
Entre os produtos específicos, o levantamento aponta uma redução da China como destino da carne de frango brasileira. O país, que liderava as compras em 2024, caiu para o quarto lugar neste ano, atrás de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Japão.
“O Brasil tem voltado o foco ao Oriente Médio, um dos principais mercados para a carne de frango”, afirma Cariello.
Nas exportações de carne suína, a China também perdeu espaço, saindo do primeiro para o terceiro lugar, superada por Filipinas e Japão. Por outro lado, houve forte crescimento nas vendas de ferroligas — como ferroníquel e ferronióbio —, que subiram 49% no acumulado do ano.
“Há um aumento da demanda chinesa por minerais estratégicos ligados à alta tecnologia e à transição energética”, destaca o pesquisador.
De janeiro a setembro, as exportações totais do Brasil para a China somaram US$ 75,5 bilhões, uma queda de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o país asiático segue como principal destino das exportações brasileiras, respondendo por 29,3% do total — quase o triplo da participação dos Estados Unidos (11,3%), cujas compras foram afetadas pelas tarifas impostas durante o governo Donald Trump.
Já as importações brasileiras vindas da China cresceram 15,4% no período, mantendo o país como principal origem das compras nacionais (25%), seguido de perto pelos Estados Unidos, também com 25%.