Aqui já foi dito, mais de uma vez, que a CPMI do 8/1, em curso no Congresso Nacional, era forte candidata ao título ‘desmoralização do ano’. Nesta terça-feira, a tese avançou algumas casinhas. Vamos lá.
Surpreendeu ninguém o fato de o silêncio de Mauro Cid, garantido por decisão judicial, transformar o ambiente, que deveria ser de apuração, em holofotes para bolhas.
A lógica é simples. Sem pode avançar um milímetro sobre o inquirido, os governistas, controladores do colegiado, transformaram o espaço de fala em exercício de verborragia.
Já a oposição, em minoria, fez o que sabe e costuma fazer: provocações, frases de efeito e cometimento – no que parece ter sido o caso de ontem -, de um suposto crime de homofobia.
Apenas por isso, o espetáculo de horrores já estaria garantido. Mas os governistas acharam pouco e quiseram mais: abusaram – a palavra é essa -, da pressão psicológica sobre o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Emissoras e perfis transmitiram, ao vivo, apelos para questões familiares, ameaças sobre fim da carreira do militar, xingamentos e chantagens. Foi o linchamento de alguém cuja prisão, em andamento, não é consenso.
O fato é que sete horas depois de tentativas frustradas do depoimento, deputados e senadores mostraram, ao Brasil inteiro, porque essa CPMI periga afundar quem pensava em surfá-la.
A esquizofrenia política do Congresso Nacional
Na semana passada, o Congresso Nacional fez história, ao aprovar, na Câmara dos Deputados, a reforma tributária. Foram três décadas de espera, com muitos prejuízos e lengalenga.
Poucos dias depois, o mesmo Legislativo envia aos anais do Poder uma lamentável demonstração de como conduzir uma investigação – a CPMI do 8/1 -, que deveria ser séria, consequente e equilibrada.
O Brasil nunca foi para amadores. Agora, esquizofrênico, muito menos.