
Em março de 2021, o mês foi considerado decisivo para o início de um plano de ruptura da ordem democrática, com o objetivo de concretizar um golpe de Estado, por parte de Jair Bolsonaro e seus aliados, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). O ponto de partida foi no dia 8 de março, quando o ministro do STF Edson Fachin anulou as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o elegível novamente.
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Lula, que se destacava como principal adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, liderava as pesquisas eleitorais. A situação gerou mobilização em torno de Bolsonaro, que percebeu a necessidade de ações coordenadas contra o que consideravam uma ameaça. A partir desse momento, o grupo de apoio ao presidente passou a planejar estratégias para manter o poder, independentemente do resultado eleitoral do ano seguinte, conforme aponta a denúncia da PGR.
Em março de 2021, após a decisão favorável a Lula, Bolsonaro e seus aliados passaram a considerar a desobediência às decisões do STF. Nas semanas seguintes, começaram a defender a deslegitimação do processo eleitoral e a possível vitória de Lula.
O plano de insurreição se concretizou em julho daquele ano, quando Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo, atacando o sistema eleitoral e exaltando as Forças Armadas. Em agosto, mesmo após a decisão da Câmara dos Deputados de manter o sistema de votação digital, Bolsonaro continuou criticando o sistema, intensificando os ataques conforme se aproximava o pleito de 2022.
No 7 de setembro de 2021, Bolsonaro declarou, em discurso em São Paulo, que não se submeteria às decisões do STF e que contaria com o apoio das Forças Armadas. O grupo ao redor do presidente também formulou um plano de fuga, caso fosse necessário, caso perdesse o apoio necessário para um golpe.
Com as eleições de 2022 se aproximando, os ataques às urnas eletrônicas aumentaram. Em julho, com Lula à frente nas pesquisas, Bolsonaro convocou uma reunião ministerial e discutiu o uso da força como alternativa, caso necessário. Também tentou envolver embaixadores e representantes diplomáticos em acusações sobre fraudes eleitorais.
O grupo tentou intervir diretamente no processo eleitoral, com operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em locais onde Lula teve maior apoio no primeiro turno, dificultando o acesso dos eleitores.
Após a derrota nas urnas, o grupo golpista persistiu nas críticas ao sistema eleitoral, com o objetivo de manter sua base mobilizada, tentando incitar uma intervenção militar. Para isso, incentivaram protestos, que culminaram nas manifestações de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreram invasões e vandalismo nos prédios dos Três Poderes.
A denúncia da PGR revela que o golpe foi frustrado pela decisão dos comandantes das Forças Armadas, que mantiveram-se em seu papel constitucional e não aderiram ao plano de Bolsonaro. As manifestações de 8 de janeiro foram interpretadas pelo STF como uma tentativa de golpe de Estado.