

Conhecidas em ambientes de combate ao terrorismo, as chamadas bombas de prego são exponencialmente mais mortais, por causa de estilhaços do tipo, que ampliam o raio de vítimas.
Pegando a imagem de empréstimo, é esse o potencial que tem a operação da Polícia Federal no Ceará, mirando desvios de recursos públicos por meio de emendas parlamentares.
As investigações têm um alvo central, com nome, sobrenome, mandato eleitoral e endereço: deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). Mas há muitos pregos nessa bomba.
Antes de prosseguir, é justo destacar a inocência de todos os citados – direto ou indiretamente –, até que a Justiça prove o contrário, após o devido processo legal.
Isso considerado, as repercussões no ambiente político – quase nunca aguarda o desfecho dos autos –, já são tangíveis. É inevitável o impacto nas eleições de 2026 no Ceará.
Certamente, o episódio já está sendo explorado por adversários e, acredite, também por aliados. É assim que é.
Precoce em liberação de emendas, Mano virou o xodó de mais de 50 prefeitos e pupilo do senador Cid Gomes (PSB), que quer fazê-lo seu sucessor. O que acontece agora?
Como isso mexe na corrida ao Senado e, por extensão, nas articulações para a formação da chapa governista? A ver. Dependerá de quem for atingido pelos estilhaços.
O ‘follow the money’ dificilmente falha

A expressão acima é um mantra entre investigadores.
‘Seguir o dinheiro’ é, na prática, pegar a trilha por onde passaram os recursos desviados.
Segundo a PF, o esquema envolvendo Júnior Mano funcionava em quatro atos:
1 – liberação de emendas para prefeituras;
2 – desvio desses recursos por empresas de um grupo criminoso;
3 – compra de votos com parte do dinheiro desviado;
4 – apoio político de prefeitos.
Eis a anatomia dos supostos crimes.
O Ceará na Praça dos 3 Poderes
A Operação Underhand, da PF, vai muito além de um eventual esquema quadrangular envolvendo deputados (no plural, sim), prefeituras, eleições e corrupção.
Trata-se de um fiel da balança que hoje pende para o Congresso Nacional na relação com o Executivo.
O avanço de deputados e senadores sobre o Orçamento da União está no epicentro da altivez parlamentar perante o governo Lula.
Para completar, o Supremo tenta por ordem nas liberações bilionárias, em idas e voltas que tem mais irritado do que apaziguado a cena política brasiliense.
Inimigo externo
Todo governo precisa de inimigos.
É para onde seus líderes fazem seus liderados olharem, em busca de unidade política interna.
O lulopetismo é craque nisso.
Nesse sentido, o atual governo não tem do que reclamar.
Arredio, o Congresso Nacional não dá trégua.
O presidente americano, Donald Trump, reforça a trincheira.
Muito cuidado com o que se deseja.
#contemironia.
Danilo Forte
O deputado Danilo Forte (UB-CE) é autor do projeto 1638/25 e presidiu audiência pública nesta terça-feira (8), na Comissão de Minas e Energia da Câmara.
A proposta trata da concessão de descontos nas contas de luz à irrigação e aquicultura não somente no período noturno, mas também durante o dia.
Houve construção de consenso em favor da proposta.
As diretrizes do Orçamento do Estado

Uma das principais matérias da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026 será votada até o próximo dia 17.
Mote para o início do recesso de julho, a LDO sintetiza os parâmetros para a elaboração do orçamento estadual do ano que vem, propriamente.
Não é uma peça qualquer. Trata-se do último ano de gestão do governador Elmano de Freitas (PT), pré-candidato à reeleição.
Estão na prancheta universalizar escolas em tempo integral, duplicar o Eixão das Águas, entregar mais obras viárias e construir novas delegacias e hospitais regionais.
O relator da proposta é o líder do governo na Casa, deputado Guilherme Sampaio (PT).