O presidente Lula (PT) fez críticas indiretas nesta sexta-feira, 29, ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), afirmando que a campanha dele contra a instrução normativa de fiscalização do Pix acabou favorecendo o crime organizado.
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A norma ampliava o monitoramento da Receita Federal sobre novos integrantes do sistema financeiro — incluindo o Pix, as fintechs e os bancos digitais —, mas foi suspensa em janeiro após um vídeo de Nikolas viralizar no Instagram, onde já soma 9 milhões de visualizações.
“Tem um deputado que fez campanha contra as mudanças propostas pela Receita e agora está provado que, na prática, ele estava defendendo o crime organizado”, declarou Lula em entrevista à rádio Itatiaia. O parlamentar não respondeu até a publicação da reportagem.
A fala do presidente ocorre um dia após a operação Carbono Oculto, que investiga empresas do setor de combustíveis e instituições financeiras suspeitas de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
No mesmo sentido, o secretário especial da Receita, Robinson Barreirinhas, disse que a ofensiva contra a instrução normativa ajudou diretamente o crime. “As operações de ontem mostram quem ganhou com essa mentira e com essas fake news: o crime organizado”, afirmou, sem citar Nikolas.
Segundo a Receita, o PCC vem expandindo o uso de instituições financeiras e fundos de investimento para dificultar o rastreamento de recursos. Entre 2020 e 2024, cerca de mil estabelecimentos ligados à facção movimentaram R$ 52 bilhões, em um processo que o órgão classifica como “bancarização do crime organizado”.
As fintechs envolvidas no esquema teriam colocado dinheiro ilícito no mercado financeiro, onde, uma vez transformado em investimento, sua origem se torna mais difícil de questionar.