

O que está acontecendo com a cobertura política brasileira?
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Num passado não tão distante, os bons e velhos fatos determinavam a linha-mestra das análises.
Agora, afogados em preferências eleitorais, muitos forçam a barra – para ao fim tentar fazer valer suas convicções.
“Danem-se os fatos”, como diria a deontologia jornalística, no seu clássico sentido.
Não é por aí.
Fernando Collor de Mello era presidente da República, em 1992.
O alagoano era um náufrago político – capitão de um governo, mergulhado numa intensa crise econômica.
A histórica convocação, à época, do povo às ruas, foi desespero.
Muito diferentemente, Bolsonaro, ex-presidente, não está indo à Paulista para defender um governo.
Esse papel – inglório, diriam alguns -, cabe aos governistas que orbitam o Palácio do Planalto.
Silogismo
Voltando aos atos deste domingo, 25.
Bolsonaro é, segundo consta nos autos do STF, um dos artífices da trama pró-golpe de Estado.
Nesse sentido, não há o que contemporizar. Aplique-se a lei.
Respeitando-se o processo legal, Bolsonaro deve ser culpabilizado – à medida de sua orquestração.
Contudo, comparar Bolsonaro-24 a Collor-92 é silogismo de baixo preço.
Pedro é homem. Homem é mortal, Pedro é mortal.
A convocação do Collor, há mais de três décadas, foi um fracasso. Não deu bom.
Pela lição da 6ª séria sobre silogismo, a convocação de Bolsonaro/24 seria estratégia similar a Collor/92.
Ou seja, por uma criativa simetria, a convocação pró-Bolsonaro seria um fracasso – como foi o de Collor.
Isso não faz sentido. É desonestidade – para chamar a coisa pela palavra certa.
Collor e Bolsonaro não têm aderência política.
Collor e Lula sim. São, atualmente, amigos políticos de infância – para ficarmos somente neste detalhe.
Quem nutre vincular Bolsonaro-Collor deveria atentar mais para a relação Lula-Collor.
O mais, “minha gente!” – como disse Collor, ao convocar o povo às ruas -, é conversa de quem acha que o asfalto da Paulista não estará quente, às 3 da tarde deste domingo.