Lançado em 2022, o filme Pureza é inédito na televisão brasileira e será exibido hoje pela TV Globo, na Tela Quente, após a novela Terra e Paixão.
Protagonizado por Dira Paes, dirigido por Renato Barbieri e produzido por Marcus Ligocki Jr, o longa é inspirado na história real de Pureza Lopes Loyola, uma mãe brasileira que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo.
A exibição é uma homenagem aos 125 anos do Cinema Brasileiro e pelo prêmio ‘Heróis no Combate ao Tráfico de Pessoas’, entregue à Pureza, na última quinta-feira, 15, em Washington, D.C, pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, por seus esforçosno combate aos trabalhos em condições análogas à escravidão no Brasil.
Aos 80 anos, Pureza Lopes Loyola é a única brasileira a receber os dois prêmios internacionais mais importantes na luta contra o trabalho escravo e tráfico humano no mundo.
Em 1997, em Londres, recebeu o prêmio Antiescravidão oferecido pela organização não-governamental britânica Anti-Slavery International, a mais antiga organização abolicionista em atividade, um feito inédito para uma mulher nordestina, preta, pobre e que se alfabetizou somente aos 40 anos, com o objetivo de ler a Bíblia.
Em 2023, a trajetória de Pureza Loyola completa 30 anos. Seu empenho em coletar provas sobre trabalhadores em situação análoga à escravidão, na Amazônia, deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas em todo o território nacional.
Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil.
No mesmo ano, segundo a OIT, 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão em todo o mundo. No ano passado, a estimativa da OIT para escravizados no mundo subiu para 50 milhões.
“Os olhos do mundo iriam vê-la “, essa foi a frase ou profecia que Pureza Lopes Loyola ouviu de seu pastor uma semana antes de receber a ligação do diretor Renato Barbieri, com a notícia de que gostaria de filmar sua história de luta contra a escravidão moderna, no ano de 2007. Ali ela decifrou a mensagem: “os olhos do mundo é o cinema”. O filme Pureza já foi exibido, até o presente momento, em 20 países.
16 anos após esse telefonema, Pureza recebeu das mãos do governo americano a mais alta honraria que uma ativista pelos Direitos Humanos pode receber, além de ter sua história de vida aplaudida em todas as esferas de poder no Brasil e outros países.