Deputada teria feito as solicitações em setembro de 2022 / Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Em depoimento na Polícia Federal (PF), o hacker Walter Delgatti Neto disse que recebeu pagamentos da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para prestar serviços cibernéticos.

A parlamentar teria pedido que ele invadisse o telefone celular e o e-mail do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Antes, ela teria solicitado a invasão à urna eletrônica ou aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Delgatti, porém, declarou não ter conseguido acesso aos sistemas eleitorais.

Segundo a PF, no depoimento, Delgatti contou ter se encontrado com a deputada em um posto de gasolina na Rodovia Bandeirantes, em setembro de 2022.

Na ocasião, ela lhe teria dito que, caso o declarante conseguisse invadir os sistemas, teria emprego garantido, pois estaria “salvando a Democracia, o País, a liberdade”.

Os detalhes sobre o depoimento de Delgatti na PF constam na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes autorizou hoje a prisão preventiva do hacker.

O magistrado também ordenou busca e apreensão em endereços e veículos ligados a Zambelli.

Desdobramentos

Em nota, a defesa de Carla Zambelli confirma a realização de mandados de busca e apreensão em seus endereços nesta quarta-feira.

“A medida foi recebida com surpresa. Em nenhum momento, a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades”, afirmaram.

Segundo eles, a deputada aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência,

Em nota, a defesa de Walter Delgatti informou que ele foi transferido da Delegacia da Polícia Federal em Araraquara para o centro de Detenção Provisória da Cidade.

Mais detalhes

Delgatti ainda confirmou o encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado, no Palácio da Alvorada, onde foi questionado sobre a possibilidade de invasão da urna eletrônica.

De acordo com a Polícia Federal, ele disse que o pedido não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá.

Em seguida, Delgatti disse ter invadido o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de modo a demonstrar suas habilidades.

A própria Zambelli teria redigido o mandado falso de prisão contra Moraes. O acesso ao sistema teria sido feito por meio de uma credencial eletrônica roubada.

Delgatti é conhecido como hacker da Vaza Jato, por seu envolvimento no vazamento de trocas de mensagem entre o ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato Sergio Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol.

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