Não. Não se trata da campanha eleitoral para presidente, daqui a mais ou menos um ano e meio. Referimo-nos a peças de propaganda que o Palácio do Planalto encomendou.
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O novo manda-chuva da comunicação da Presidência da República, Sidônio Palmeira, chefia uma campanha de publicidade para o governo Lula.
No miolo da mensagem estarão os destaques de cada ministério ou área da gestão petista. A ideia é levantar a popularidade do presidente, a partir da envelopada de marketing.
O governo tem pressa. A cúpula do Planalto ainda está atordoada com a derrota para a direita, na guerrilha digital envolvendo o PIx, Receita Federal e fake news.
Aqui o alerta deve ser ligado. A oposição vai varrer cada detalhe do que for mostrado pelo governo. No mínimo encontrado, não hesitará em tentar desconstruir a narrativa oficial. É jogo jogado.
Foi-se o tempo em que se resolvia crises de imagem ou se reposicionava gestões com fórmulas para vender sabonete. Esse tipo de campanha também está sujeita a erros
e derrotas.
Muito do que acontecer daqui a um ano e meio vai depender de 2025. E este ano, para o governo Lula, vai começar, valendo este, com a propaganda que está sendo encomendada.
Nossos comerciais, por favor.
2026: Trump já alimenta polarização política no Brasil
Como aqui previsto, o retorno de Donald Trump (R) ao poder, nos Estados Unidos, ativou o modo turbo na direita brasileira.
Os bolsonaristas, que torciam pela vitória do magnata, no ano passado, festejam como se republicanos americanos fossem.
Do outro lado, a centro-esquerda daqui vê no trumpismo oxigênio para mais fôlego no debate em defesa da democracia e outros itens da narrativa que cimentou o caminho de Lula à rampa do Planalto, em 2022.
Até onde a estratégia funciona?
Ainda sobre a influência de Trump no debate político brasileiro: para a direita daqui parece haver mais sentido investir no discurso americanófilo.
Até porque o governo Lula poderá ser, de forma direta ou indireta, pressionado ou mesmo prejudicado pelos novos tempos políticos acima da fronteira com o México.
Não dá para dizer o mesmo sobre o petismo.
Investir no antitrumpismo pode ser um caminho ruim – não somente diplomaticamente falando.
Governos têm de mostrar resultados. Sem isso, qualquer discussão vira passatempo.
Técnica e política
Há um lado positivo nas nomeações de integrantes de gestões passadas, embora comandadas por grupos políticos adversários.
Sinalizam que talentos técnicos podem e devem ficar acima das questiúnculas eleitorais.
Além claro de, na quase totalidade das vezes, significar acomodação de novos aliados.
É juntar o necessário ao estratégico.
É por aí
Foi acertada a decisão do presidente do União Brasil no Ceará, Wagner Sousa, de abdicar da gestão de Pacajus, onde foi nomeado secretário, para entrar na articulação nacional do partido.
A sigla pretende lançar o hoje governador Ronaldo Caiado (GO) à sucessão de Lula, em 2026. Circular na cúpula da legenda é vital. É nesse plano onde quase tudo é definido.
O silêncio da direita já ajudaria
O filme “Ainda Estou Aqui”, indicado a três categorias do Oscar 2025, conta um pedacinho do que foi a ditadura no Brasil (1964-85).
É baseado no livro homônimo, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado cassado e morto pelo regime, Rubens Paiva.
É, portanto e por óbvio, uma obra que tem lado, de forma legítima e acertada.
Grosso modo, equivale a um ditador brasileiro ser protagonista de artistas com ele alinhado. Muito provavelmente, seria pouco aceito na centro-esquerda nacional.
Tudo isso para dizer que a direita, ao tentar pichar a película estrelada por Fernanda Torres, perde uma ótima oportunidade de ampliar o debate.
Nem precisaria torcer pelas estatuetas. O silêncio já seria importante. Ajudaria.