
Uma pesquisa inédita conduzida pela Legisla Brasil em parceria com o Movimento Mulheres Negras Decidem revelou os obstáculos que assessores parlamentares negros enfrentam para acessar cargos de decisão no Congresso Nacional. Entre os principais fatores apontados, está o sentimento de invisibilidade.
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Segundo dados levantados pela Legisla Brasil nos portais de transparência da Câmara e do Senado, existem aproximadamente 15 mil assessores parlamentares. Para o estudo, foram entrevistados, de forma confidencial, 60 assessores negros — 34 mulheres e 26 homens.
Destes, três atuam no Senado e 57 na Câmara dos Deputados. Apenas cinco ocupam o cargo de chefe de gabinete. A seleção da amostra exigiu uma rede de contatos, o que já evidencia um dos pontos centrais da pesquisa: a invisibilidade dos profissionais negros no Legislativo.
O estudo — que será lançado nesta quinta-feira, 4, às 14h, na Câmara dos Deputados — considerou diversidade de gênero, partidos, funções, territórios de atuação e locais de trabalho (Congresso ou bases). Entre os entrevistados, 49 (81,7%) atuam em Brasília e 11 (18,3%) em bases parlamentares espalhadas pelo país, ainda mais distantes do centro das decisões. Do ponto de vista partidário, os assessores estão distribuídos em 14 siglas, com destaque para PT (29), PSOL (7), PSB (5), União (3), MDB (2), PP (2) e PL (2).
O levantamento também evidencia desigualdades de renda. Entre as mulheres negras entrevistadas, 41,4% estão na classe D (2 a 4 salários mínimos) e 44,8% na classe C (4 a 10 salários mínimos). Nenhuma está na classe A (mais de 20 salários mínimos), e poucas na classe B (10 a 20 salários). Já os homens da amostra estão distribuídos em todas as faixas de renda.
A representatividade das mulheres negras no Legislativo segue baixa: apenas 4,4% das deputadas e 3,7% das senadoras se identificam como tal.