
A aprovação de pelo menos três pessoas da mesma família, de Patos (PB), para cargos disputados no Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024 chamou a atenção das autoridades e levou ao início de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre um suposto esquema de fraudes em concursos públicos. De acordo com a PF, um grupo cobrava até R$ 500 mil para garantir a aprovação de candidatos por meio de trapaças.
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Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as fraudes incluíam acesso antecipado às provas, uso de ponto eletrônico para receber respostas durante o exame e até falsificação de documentos para que terceiros, mais preparados, realizassem a prova no lugar dos candidatos. Na semana passada, durante a Operação Última Fase, três pessoas foram presas.
Um relatório da PF aponta o ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa como um dos líderes do esquema, com conexões com quase todos os nomes citados no inquérito. A reportagem tentou contato com o advogado que o acompanhou na audiência de custódia, mas ele afirmou ainda não saber se continuará no caso.
Wanderlan, seu irmão e uma sobrinha foram aprovados para o cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT), que tem salário inicial de R$ 22.921,71. Além deles, outros seis candidatos que passaram na fase inicial do concurso também entraram na mira da PF por apresentarem gabaritos idênticos aos fornecidos pela organização — com acertos e erros nas mesmas questões.
Em nota, o Ministério da Gestão afirmou que está cumprindo decisões judiciais, colaborando com as investigações e que aguarda os desdobramentos da operação para tomar novas medidas, se necessário.
Entre os investigados está Larissa Neves, sobrinha de Wanderlan. Embora resida em São Paulo, ela fez a prova em Patos. Com o celular de Larissa apreendido, a PF encontrou conversas com seu pai, Antônio Limeira das Neves (irmão de Wanderlan), nas quais eles discutem o pagamento de R$ 500 mil pela obtenção do gabarito.