Já foi dito que a política é a arte do diálogo, convergência e entendimento. Mas há exceções, como mostra a difícil situação a que chegou o PDT-CE. O partido, hoje, é um ringue político, com forte tendência a se transformar numa briga jurídica. Está prestes a implodir. É incerto o futuro de seus principais líderes.
A disputa pública pelo comando da sigla – ainda a maior do Estado -, evidencia o enfrentamento do controle legal, nas mãos do deputado federal André Figueiredo, pela força política no Ceará, propriamente dita, representada pelo senador Cid Gomes. Os dois parlamentares exibem bons argumentos.
É provável que André e Cid tenham razão. Por isso, a grande chance de o caso ir às barras dos tribunais eleitorais. É um jogo duríssimo, que envolve a Executiva de um dos mais respeitados partidos nacionais.
Independentemente do desfecho, a novela pedetista, que se arrasta desde a pré-campanha para o Governo do Estado, em 2022, certamente chegará à sucessão municipal. O caso já é, até aqui, a principal variável que liga os dois pleitos eleitorais.
Isso mesmo. As disputas locais do ano que vem, especialmente em Fortaleza, terão muito de seu cenário construído por decisões em torno da sucessão da então governadora Izolda Cela. Certa ou errada, foi uma decisão. Conviva-se com as consequências.
Cisão aumentará dependência ao governo Elmano
A disputa pelo comando e rumos do PDT-CE terá diversos desdobramentos. Um deles pode ser maior dependência em relação ao governo Elmano (PT), caso a sigla fique à órbita do Palácio da Abolição. Simples. De pires na mão, prefeitos municipais estão ávidos por ajuda financeira do Estado. Isso explica a expressiva adesão de dezenas de gestores locais à tese de apoio ao Executivo. Alguns desses políticos, aliás, aguardam promessas feitas em 2022.
PT será principal beneficiado
Enquanto pedetistas protagonizam brigas intestinas, o PT assiste de camarote à refrega que poderá encurtar o caminho que o levará ao posto de maior partido do Ceará. Não será surpresa se o petismo cearense liderar ataques às bases do próprio PDT, onde estão algumas das prefeituras mais apetitosas do Estado – a começar pela Capital. Com um detalhe: mesmo assumindo-se governistas, oficialmente, pedetistas jamais serão tratados pelo Palácio da Abolição como aliados de primeira hora. É esperar para conferir.