As dicas estão no topo das orientações, quando o assunto é finanças pessoais: não podemos gastar mais do que ganhamos; empréstimos, somente os estritamente necessários; devemos manter uma reserva para imprevistos. E, atenção: nada de crédito rotativo – este último transforma qualquer dívida numa bola de neve.
Pois bem. A fórmula acima, que poderia ter evitado dor de cabeça de milhões de brasileiros endividados – entre eles, centenas de milhares de cearenses -, não faz parte do orçamento doméstico do Governo do Estado do Ceará. É o que mostra reportagem do O Otimista, desta segunda-feira (26), às páginas 7 e 9.
Na contramão do que seria uma demonstração de equilíbrio fiscal e saúde financeira, o governo Elmano de Freitas (PT) se prepara para contrair dívidas bilionárias – parte, para pagar outros empréstimos. Isso, numa situação em que o caixa do Estado já é sangrado mais para quitar dívidas do que investir.
Perdulário por natureza, o poder público é bancado, integralmente, pela sociedade. Esta merece, portanto, saber para onde está indo os tributos que entrega ao governo. O Estado do Ceará não pode trilhar a saga dos que acham que o céu é o limite. Quem age assim costuma descobrir, da pior forma, que dinheiro não aguenta abuso.
Legado de governos anteriores pode desmoronar
O Ceará ainda desfruta de invejável reputação fiscal. Mas não foi fácil chegar até aqui. Foram seguidos governos de austeridade e responsabilidade. Tudo começou lá na década dos anos 1980, com o jovem Tasso Jereissati.
De lá para cá, cada gestão deixou seu quinhão, sempre focado numa espécie de solidariedade intergeracional. Mas o que foi difícil de ser construído é fácil de desmoronar. Basta alguns passos errados e decisões equivocadas.