
Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revelou que 31% das empresas no Brasil operaram no vermelho em fevereiro. É o pior índice desde março do ano passado.
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Além disso, outros 38% dos estabelecimentos trabalharam em equilíbrio ante 31% que lucraram. Ainda, o indicativo é menor que na pesquisa anterior.
Segundo a Abrasel, há três fatores responsáveis pelo desempenho negativo: a queda das vendas no mês (76%), redução do número de clientes (66%) e custo de alimentos e bebidas (42%).
A pesquisa indicou que 39% das empresas têm dívidas em atraso, sendo os principais débitos com impostos federais (72%) e impostos estaduais (50%).
Outro cenário analisado é a dificuldade de ajuste de preços acima da inflação.
Dentre os estabelecimentos pesquisados, 37% não conseguiram reajustar os preços enquanto apenas 9% reajustaram acima do índice.
Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, revela uma clima de preocupação entre empresários diante os dados negativos.
“Em janeiro houve queda nas vendas, com ligeira recuperação em fevereiro por causa do carnaval, mas que não foi percebida como uma retomada pelos estabelecimentos. Além disso, a dificuldade em ajustar os preços do cardápio para recuperar perdas é um desafio adicional, junto com o alto endividamento, já que quase 40% do setor têm dívidas atrasadas”, afirma.
A associação vem construindo um plano para resgate econômico após a pandemia – período que atingiu duramente o setor.
“Contratamos um estudo Fundação Getúlio Vargas que vai se aprofundar nas causas das dificuldades que o setor vem enfrentando, já propondo caminhos e medidas que podem ser tomadas para resolvê-las de vez”, adianta Solmucci.
O estudo deverá ser apresentado a autoridades e a sociedade civil para que políticas sejam executadas em favor do setor.
Recorte local
No Ceará, metade das empresas registraram prejuízo em fevereiro, um crescimento de trinta pontos percentuais em relação a janeiro.
Além disso, 22% das empresas operaram em estabilidade e 28% fizeram lucro.
Os principais fatores que levaram à queda de desempenho foram queda nas vendas do mês (75%), redução no número de clientes (73%) e dívidas com impostos, taxas e encargos (45%).
A Abrasel alerta que 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses.
Nesse ínterim, 51% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação. Apenas 9% reajustaram acima da inflação.
Chuvas e quedas de energia
De acordo com o presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, os estabelecimentos foram consideravelmente impactados pela instabilidade no fornecimento de energia elétrica da Enel Distribuidora.
“Isso aprofunda as dificuldades e torna ainda mais importante um olhar para os estabelecimentos, que lutam para pagar as dívidas, em um cenário de queda do movimento”, aponta.
Segundo ele, o otimismo que havia na recuperação está se esvaindo. “Hoje apenas um em cada cinco pretende contratar ainda este semestre, mesmo que estejam por vir datas importantes, como o dia das mães e o dia dos namorados”, acrescenta.
De acordo com o levantamento, 22% dos empreendedores do Ceará pretendem contratar mão de obra no primeiro semestre de 2024.
Já 46% deles esperam manter o atual quadro de funcionários e outros 27% pensam em demitir.
Em relação ao fator endividamento, 54% das empresas têm dívidas em atraso, um aumento de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior.
As principais dívidas são com impostos federais (75%), impostos estaduais (54%), empréstimos bancários (39%).