O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acionou pelo menos 15 servidores nos dias finais do mandato para tentar liberar as joias presenteadas que estavam retidas na alfândega do aeroporto de Guarulhos (SP).
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A informação foi revelada em investigação da Polícia Federal (PF), após quebra de sigilo autorizada, nesta segunda-feira, 8, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O relatório do inquérito das joias aponta que, em cerca de duas semanas, foram mobilizados sete ocupantes de altos cargos da Receita Federal.
Além de quatro ajudantes de ordens da Presidência, três integrantes do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência e um funcionário da Secretaria-Geral da Presidência.
Em dado momento, o chefe da Receita determinou a um subordinado: “Bota todo mundo para trabalhar para a gente”.
Os investigadores afirmam que houve uma operação, “até certo ponto desesperada”, para tentar subtrair as joias femininas retidas pela Receita Federal.
A missão era despachá-las no avião presidencial, que decolaria no dia 30 de dezembro de 2022, com destino aos Estados Unidos.
O material havia sido apreendido em setembro de 2021, com um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Numa viagem à Arábia Saudita, o ministro recebeu um kit de joias femininas da marca Chopard, contendo um colar, um par de brincos, um anel e um relógio de pulso.
No relatório final do caso, os policiais apontaram que o objetivo era vender os itens nos Estados Unidos, assim como outros presentes dados a Bolsonaro.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente sob a afirmação de que houve desvio ou tentativa de desvio de itens cujo valor de mercado chega a R$ 6,8 milhões.
Dos 15 nomes envolvidos, a PF apontou indícios de crimes envolvendo Mauro Cid e Marcelo Vieira (associação criminosa e peculato tentado).
Julio Cesar Vieira Gomes também foi indiciado, por associação criminosa, peculato tentado e advocacia administrativa perante a Fazenda.
A defesa de Vieira Gomes disse não ter tido acesso ao relatório da PF e que seu cliente não praticou qualquer crime, sendo que isso já teria sido demonstrado à corporação.
O advogado de Marcelo Vieira afirmou que o indiciamento é resultado “de uma desmedida tentativa de perseguição a outras pessoas” e que as atividades de seu cliente mantiveram “total zelo e cuidado” com bens públicos.
O advogado de Jair Bolsonaro disse que o inquérito é “insólito” e que o ex-presidente “em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem de qualquer forma, serem havidos como públicos”.
*Com informações da Folhapress.