
Por Gabriel Giannoni
As recentes mudanças no crédito consignado no Brasil têm gerado um panorama novo, com impactos significativos tanto para os consumidores quanto para as instituições financeiras.
Em um cenário que promete facilitar o acesso ao crédito, surgem preocupações sobre o endividamento excessivo e a sustentabilidade das operações.
Podemos ressaltar alguns dos principais efeitos, de forma positiva e negativa, trazendo um olhar amplo para perpetuidade das operações no ecossistema Brasileiro:
Facilidade de acesso ao crédito
Pelo lado positivo, as novas regras podem ampliar o acesso ao crédito consignado, permitindo que mais pessoas, especialmente aposentados e pensionistas, tenham acesso a financiamento com juros mais baixos.
Isso pode ser benéfico para quem precisa de crédito rápido e acessível, aumentando o poder de compra e gerando mais giro de recursos em nossa economia.
Já em negativo, temos o acesso facilitado ao crédito que pode resultar em endividamento excessivo.
Muitos tomadores de crédito não fazem uma análise detalhada de sua capacidade de pagamento, o que pode levar a problemas financeiros no longo prazo, com um índice mais gradual de inadimplência.
Redução nas taxas de juros
Com a diminuição da taxa máxima de juros do crédito consignado para servidores públicos e beneficiários do INSS, há uma redução no custo dos empréstimos, o que torna esse tipo de crédito mais atraente.
Em contrapartida, há uma queda nos juros que pode reduzir o interesse dos bancos em ofertar crédito consignado, já que o retorno para as instituições financeiras pode ser menor, levando a uma oferta de crédito mais restrita e um olhar mais criterioso ao spread Brasileiro.
Alteração no percentual de margem consignável
O aumento da margem consignável (percentual máximo da renda que pode ser comprometido com o pagamento de parcelas) pode dar mais fôlego financeiro aos tomadores de crédito, aumentando o valor que eles podem pegar emprestado, novamente gerando mais poder de compra e giro de capital dentro do sistema Brasileiro.
Embora mais crédito disponível pareça positivo, comprometer uma parte maior da renda com dívidas pode reduzir a capacidade do tomador de arcar com outras despesas essenciais, aumentando o risco de inadimplência.
Impacto na economia geral
O aumento da oferta de crédito consignado pode estimular o consumo, ajudando a impulsionar setores da economia.
Mais crédito disponível pode significar maior capacidade de compra, o que pode aquecer o mercado, gerando mais empregabilidade ajudando o mercado formal e informal dos trabalhadores Brasileiros.
Por outro lado, o estímulo ao consumo via crédito pode ser um problema em períodos de alta inflação, contribuindo para a deterioração do poder de compra da população.
Além disso, o aumento no endividamento pode impactar a qualidade de vida de famílias de baixa renda, pela falta de aculturamento e inclusão financeira não providos na jornada de conhecimento da população.
Riscos de superendividamento
O crédito consignado, apesar de ter juros mais baixos, pode induzir ao superendividamento, especialmente se combinado com outros tipos de crédito, que estão cada vez mais acessíveis no ecossistema brasileiro, provido por instituições financeiras voltadas ao crédito rotativo com taxas de juros mais agressivas.
Essas mudanças que facilitam o acesso e aumentam o valor que pode ser emprestado podem agravar este cenário.
Impacto no setor financeiro
O crédito consignado é uma das modalidades mais seguras para os bancos, já que o pagamento é descontado diretamente da folha de pagamento.
Isso garante uma certa previsibilidade e segurança para as instituições financeiras, permitindo que pratiquem taxas mais acessíveis com um percentual maior de aprovação nas liberações dos recursos.
No entanto, se a rentabilidade diminuir por conta das novas regras de juros e margens, os bancos podem reduzir a oferta ou buscar alternativas mais lucrativas, o que pode restringir o crédito disponível no mercado.
Em resumo, as mudanças no crédito consignado no Brasil buscam equilibrar o acesso ao crédito com a proteção do consumidor, mas elas precisam ser acompanhadas de educação financeira e uma análise cuidadosa das consequências a longo prazo.