Com 2,6 milhões de habitantes e ocupando a quarta posição no ranking nacional das capitais mais populosas, Fortaleza carece da continuidade de um planejamento urbano com começo, meio e fim. Puxado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU-CE), um dos organizadores da comemoração pelo Dia do Arquiteto (15/12) na tarde de sábado, 14, na sede do Clube Náutico, outras entidades da categoria, profissionais, estudantes e servidores presentes respaldam a necessidade da realização de concursos públicos para arquitetos nas prefeituras cearenses, com destaque para Fortaleza, que conta atualmente com cerca de quatro servidores nessa área, todos em fase de aposentadoria.
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A relação da cidade com os seus moradores, de acordo com o arquiteto e fundador da Reata Arquitetura & Engenharia, Jayme Leitão, passa por um planejamento bem elaborado por profissionais de carreira, comprometidos com a memória histórica, com o presente e com o futuro. “Sem uma equipe de projeto de planejamento urbano que atravesse as administrações, como recuperar as cidades? Esse é o grande desafio que o Brasil tem hoje. As cidades foram destruídas por um processo de urbanização violento que aconteceu ao longo dos últimos 50, 60 anos”, ressalta. Com quase 90% da população brasileira vivendo em regiões urbanas, pensar e executar um planejamento nas cidades resultará no combate à violência, ao crime e à desigualdade social.
Em sua fala durante o evento promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU-CE), Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA-CE), Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-CE), Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FENEA-CE) e Colégio das Entidades Estaduais de Arquitetos e Urbanistas do Ceará (CEAU-CE), Jayme Leitão pontuou ser inadmissível que uma empresa privada no setor de saúde, com sede em Fortaleza, tenha uma equipe com cerca de 300 profissionais, entre engenheiros e arquitetos, e a gestão da 4ª cidade brasileira tenha apenas quatro arquitetos. “Essa é a bandeira que a classe deve defender agora. Já passou da hora de criar uma estrutura de planejamento urbano que passe pelas gestões.”
Tanto a presidente do CAU-CE, Brenda Rolim, a presidente da ASBEA-CE, Mariana Hissa, como um dos homenageados no evento, o arquiteto e urbanista Romeu Duarte Júnior, ratificaram a fala de Jayme Leitão. “Nossa gestão tem o compromisso em se aproximar mais das prefeituras para explicar a importância de decisões que mudam a vida das pessoas e que interferem na cidade. Defendemos a participação de quem tem formação e conhecimento técnico para desenvolver essa solução”, declara Brenda. Já Mariana, reforçou que é preciso valorizar o serviço público, trazendo ainda mais o ponto da coletividade. “São profissionais que mantêm viva a história da cidade, que trabalham pelo coletivo e servem ao público”.