
O iFood lançou um pacote de mudanças para entregadores, com bônus de até R$ 3 mil ao ano, antecipação de pagamentos e opção de escolha de destino. A empresa diz que os benefícios são voltados aos “mais engajados” e podem elevar os ganhos em até 30%. A média atual por hora trabalhada seria de R$ 28, segundo o iFood.
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Para muitos trabalhadores, no entanto, as novidades não resolvem problemas antigos. Rodrigo Correia, entregador e presidente do sindicato da categoria em Pernambuco, afirma que, com os custos, lucra cerca de R$ 1,5 mil por mês. “Esperávamos uma remuneração mais justa”, diz. Ele acredita que os anúncios são resposta às recentes mobilizações da categoria.
Alessandro Sorriso, presidente da associação de entregadores do DF, critica o programa de bônus, que, segundo ele, pressiona por jornadas mais longas e metas difíceis. “Prometem ganhos maiores, mas exigem mais horas, inclusive em finais de semana e feriados.”
Para especialistas, o discurso de empreendedorismo não condiz com a realidade. “Os entregadores não controlam preços nem regras. São trabalhadores subordinados, sem férias, sem previdência, sujeitos a riscos constantes”, aponta o professor da UnB, Antônio Sérgio Escrivão Filho.
O iFood afirma que possui o “melhor seguro da categoria” e que atua para prevenir acidentes. Ainda assim, a rotina nas ruas continua perigosa, como relata Vanderson Amorim, entregador no DF: “Minha família se preocupa, mas aqui ainda ganho mais do que ganhava com carteira assinada”.