
A desigualdade no acesso a creches entre ricos e pobres cresce no Brasil, aponta estudo do Todos Pela Educação, que será divulgado nesta segunda-feira, 11.
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De 2016 a 2024, a diferença no atendimento entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos aumentou de 22 para 29,4 pontos percentuais — com exceção dos anos 2020 e 2021, afetados pela pandemia. As creches atendem crianças até 3 anos, que depois seguem para a pré-escola.
Segundo dados da Pnad Contínua e do Censo Escolar, no fim de 2023, 30,6% das crianças das famílias mais pobres estavam matriculadas, contra 60% entre as mais ricas. A maioria das crianças fora da creche está por escolha dos responsáveis, mas a falta de vaga atinge muito mais os pobres: 28,3% dos mais pobres ficam sem vaga, contra 6,1% dos ricos.
Entre bebês de até 1 ano, apenas 18,6% têm acesso, e 34% dos pobres enfrentam barreiras para frequentar a creche. No total, 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão fora da creche por falta de vagas — 60% dessa faixa etária.
Apesar de o Plano Nacional de Educação prever 50% de cobertura para essa faixa até 2024, a taxa nacional chegou a cerca de 40%, com o Sudeste liderando (46,9%) e o Norte ficando atrás (22,5%). A oferta de educação infantil é responsabilidade dos municípios, que enfrentam limitações orçamentárias, com apoio estadual e federal.
Levantamento recente aponta que 44% dos municípios possuem fila para vagas em creches, somando mais de 630 mil solicitações.
Na pré-escola (4 e 5 anos), etapa obrigatória da educação básica, 94,6% das crianças estão matriculadas. Mesmo assim, em 2024, mais de 329 mil estão fora da escola, principalmente por opção das famílias. Entre os pobres, a falta de acesso é o principal problema, quase inexistente entre os ricos.
Segundo Manoela Miranda, gerente do Todos Pela Educação, o ritmo de expansão do acesso à educação infantil ainda é insuficiente e, sem políticas eficazes, o Brasil continuará negando a muitas crianças o direito ao desenvolvimento pleno nos primeiros anos.
Há também grandes disparidades regionais: São Paulo tem a maior taxa de atendimento em creches (56,8%), enquanto o Amapá tem a menor (9,7%). Na pré-escola, só o Piauí atingiu a universalização; o Amapá atende 69,8% das crianças nessa faixa.