
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que ele concordaria com uma redução de penas, desde que fosse mantida a prisão domiciliar.
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Eles afirmam que o ex-presidente está fragilizado e deseja evitar ao máximo o regime fechado. Reservadamente, ao menos quatro interlocutores dizem que Bolsonaro tomará a decisão final sobre como seus apoiadores agirão no Congresso e que, após ser condenado a 27 anos e três meses, ele não vai querer correr riscos.
A orientação no PL ainda é buscar uma anistia ampla e geral — plano A de Bolsonaro. Se não for possível alterar o relatório do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), a estratégia seria aprovar um destaque no plenário. Mesmo assim, há expectativa de que o partido vote a favor de um texto de redução de penas que está sendo articulado por Hugo Motta (Republicanos‑PB), presidente da Câmara.
Motta foi eleito com o apoio do PL, sob a promessa de pautar essa proposta. No entanto, ele tem tentado equilibrar sua posição entre bolsonaristas e governistas e sofre críticas dos dois lados. Aliados do ex‑presidente já consideram cada vez menos provável que a anistia ampla — contemplando todos os condenados nos ataques de 8 de janeiro, inclusive Bolsonaro — seja viável.
Nos bastidores, operam-se cenários alternativos: num deles, Bolsonaro cumpriria pena em prisão domiciliar, ajudado pela redução de pena, sua idade (70 anos) e seu histórico de saúde, até que um candidato de direita vença em 2026 e eventualmente lhe conceda indulto.
Bolsonaro está em prisão domiciliar por cautelares relacionadas ao inquérito sobre coação ao Judiciário durante a ofensiva de Eduardo Bolsonaro ao governo dos EUA. Sua defesa já solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, a revogação dessas medidas, alegando que a denúncia da PGR não o envolve como acusado.
Além da argumentação jurídica, os apoiadores reforçam o quadro de saúde do ex‑presidente — ele sofreu uma queda de pressão recentemente, crises de soluço e mal-estar, o que motivou internação em Brasília. Alegam que levá-lo a um presídio ou carceragem poderia implicar risco de morte.
Os recursos da defesa ainda serão levados ao STF, mas a expectativa é que se esgotem ainda este ano, abrindo caminho para possível execução da pena. O projeto de Paulinho da Força ainda não foi concluído nem acordado, e há especulações de que ele endureça benefícios para quem participou de ataques antidemocráticos, numa tentativa de equilibrar o texto entre PT e PL, ambos contrários a concessões irrestritas.
Mesmo assim, Paulinho afirma que todos os condenados, inclusive Bolsonaro, seriam contemplados com alterações no Código Penal que teriam efeito retroativo. Ele já discutiu o tema com parlamentares do PL, ressaltando que o partido compreende que “a narrativa de redução de pena e dosimetria não atende completamente”, mas que buscarão pautar o texto principal.
Para muitos bolsonaristas, os destaques em plenário serão decisivos. Como disse o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), que relatou a proposta de anistia, “o presidente sabe o que estamos enfrentando”, mas defendeu que a mobilização da base partidária será fundamental para aprovar mudanças.