
Dois dias após o ex-presidente Donald Trump fazer um gesto de aproximação ao presidente Lula (PT) durante a Assembleia-Geral da ONU, o vice-presidente Geraldo Alckmin teve uma reunião virtual com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
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A conversa ocorreu na quinta-feira, 26, e já estava agendada antes do evento na ONU. Segundo fontes próximas, a manutenção da reunião é mais um indicativo de que canais discretos entre os dois governos ajudaram a reduzir as tensões provocadas pela declaração de Trump sobre sua “química” com Lula.
Esse foi o segundo diálogo de alto nível entre Alckmin e autoridades americanas desde a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. No dia 11 de setembro, data em que o STF determinou pena de 27 anos para Bolsonaro, Alckmin também se reuniu virtualmente com Jamieson Greer, chefe do USTR, órgão de comércio exterior dos EUA — encontro revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Esses contatos reforçaram a expectativa de que Lula pudesse ter um encontro, ainda que breve, com Trump em Nova York. Desde julho, quando Trump anunciou uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros, empresários e membros do governo intensificaram os esforços de diálogo com Washington.
Na mesma data do anúncio das tarifas, 9 de julho, o chanceler brasileiro Mauro Vieira teve seu primeiro encontro com Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA. A reunião foi viabilizada com apoio da Embraer — que, embora poupada de uma das tarifas, atua para eliminar outra, de 10%.
O encontro aconteceu fora do Departamento de Estado, no escritório de advocacia King & Spalding, que representa a Embraer nos EUA. O local foi escolhido a pedido do lado americano, que queria manter o diálogo em sigilo.
Desde então, Vieira trocou pelo menos duas mensagens diretas com Rubio, reafirmando o compromisso do Brasil com a redução de tensões comerciais.
Paralelamente, empresários também se mobilizaram. Joesley Batista, da JBS, encontrou-se com Trump há cerca de três semanas. Na reunião, discutiu tarifas sobre carne e celulose e defendeu o diálogo direto entre os dois governos como solução para a disputa comercial.
Nos últimos dez dias, sinais vindos da Casa Branca — mais receptiva que o Departamento de Estado — indicaram disposição do governo americano para abrir conversas com o presidente Lula, acenando para uma possível reaproximação.