O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda realizar uma reforma ministerial ainda neste ano, com o objetivo de reorganizar sua equipe para as eleições de 2026.
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Em conversas com aliados, Lula tem sinalizado a intenção de substituir ministros que pretendem disputar cargos eletivos no próximo ano antes mesmo do prazo final de desincompatibilização, em abril. A medida também pode servir para ampliar alianças regionais com partidos do centro, aproveitando o atual momento político do governo.
Segundo interlocutores, a reforma poderá ser feita em etapas, com início já em outubro. Um dos movimentos que pode dar o pontapé inicial é a possível nomeação de Guilherme Boulos (PSOL) para a Secretaria-Geral da Presidência, além da pressão da federação União Brasil-PP, que estabeleceu um ultimato a seus filiados que ocupam ministérios.
Apesar disso, a ideia encontra resistência entre os ministros que pretendem se candidatar em 2026. Muitos desejam permanecer nos cargos até o limite legal, acreditando que a visibilidade das pastas possa fortalecer suas campanhas.
Um exemplo é o ministro Celso Sabino (Turismo), do União Brasil, que conseguiu adiar sua saída mesmo após a legenda ter anunciado, no início de outubro, a decisão de deixar os ministérios. A sigla fixou o dia 30 como prazo final, mas Sabino apelou para permanecer até o fim do ano. Ele chegou a entregar uma carta de demissão, mas ainda deve acompanhar Lula em evento oficial em Belém nesta quinta-feira, 2. Sabino pretende disputar uma vaga no Senado pelo Pará.
No PP, o ministro André Fufuca (Esportes) também enfrenta pressão para deixar o cargo. A legenda estabeleceu como novo prazo o sábado, 4, após uma prorrogação da data inicialmente prevista para esta quarta-feira (1º).
Até agora, Lula tem evitado exonerar diretamente os ministros. No caso do União Brasil, por exemplo, o presidente afirma que a relação institucional é com o senador Davi Alcolumbre (AP), responsável por indicar o substituto.
Com a saída de nomes ligados ao União Brasil e PP, o presidente pode usar os espaços vagos para atrair outras siglas, como PSD, PDT ou PSB, em uma estratégia de ampliação da base aliada.
A reforma também poderá atingir o próprio PT. Entre os ministros que devem deixar o governo para disputar as eleições estão Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Marinho (Trabalho).
De acordo com aliados, o redesenho da Esplanada será guiado pela estratégia eleitoral de 2026 e pelo perfil que Lula deseja imprimir ao último ano de seu mandato. Em alguns casos, secretários-executivos poderão assumir as pastas apenas no ano que vem. No entanto, se o presidente optar por uma equipe renovada desde já, as trocas serão antecipadas — e essa tem sido a tendência atual.
A expectativa é que pelo menos 20 ministros deixem seus cargos para concorrer no próximo ano. Nomes importantes como Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) devem permanecer até abril. Já Fernando Haddad (Fazenda) pode sair, ainda que não dispute cargo eletivo, caso assuma a coordenação da campanha presidencial de Lula.
Lula pretende apoiar as candidaturas de seus ministros, mesmo que seus partidos lancem outros nomes para a Presidência. Entre os exemplos estão Celso Sabino e Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), ambos pré-candidatos ao Senado e com o aval do presidente.