

Em plena recuperação de uma recente e delicada cirurgia cardíaca, o líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, José Nobre Guimarães (PT), pré-candidato ao Senado, enviou uma série de recados a aliados políticos do Ceará.
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“Só tem uma pessoa para quem eu entrego a decisão: Luiz Inácio Lula da Silva”, disse, no podcast “As Cunhãs”. O programa é apresentado pela jornalista Kamila Fernandes, com participação das também jornalistas Hebely Rebouças e Inês Aparecida.
Para o bom entendedor, Guimarães não vai recuar da pré-candidatura, independentemente dos rumos das negociações para a montagem da chapa governista, a ser encabeçada pelo provável candidato à reeleição, governador Elmano de Freitas (PT).
Na prática, Guimarães passa o recado de que será ele e outro candidato ao Senado, no ano que vem – são duas vagas. “É claro que não vamos fazer aqui uma campanha à revelia do Camilo e do Elmano”, pondera.
Mas acrescenta: “Ninguém no Ceará foi mais leal ao Lula do que eu”, afirmou o líder, citando de sacrifícios políticos que já fez em nome do projeto a petista que cogitou deixar o PT no auge da crise do partido.
Guimarães voltou a dizer que está na lista prioritária nacional para o Senado. Ele vai coordenar os Grupos de Trabalho Eleitoral (GTEs) nos estados.
Para petista, quem votar contra o governo vai se dar mal

Na entrevista, José Guimarães afirmou que as recentes derrotas do governo na Câmara dos Deputados estão devidamente anotadas e serão cobradas.
O deputado citou a Medida Provisória que permitiria cerca de R$ 35 bilhões a mais no Orçamento da União. E lembra: quem votou pelo impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, teve dificuldades nas eleições de 2018.
Guimarães citou quatro nomes – entre eles Eunício Oliveira (MDB) derrotado ao Senado.
“A Gleisi vai passar a faca”
O Palácio do Planalto vai retaliar parlamentares que embora tenham espaço na estrutura do governo são infiéis em votações no Congresso.
A Caixa Econômica Federal é o melhor exemplo disso. A maioria das nove diretorias está com partidos do centrão.
“A Gleisi vai passar a faca”, avisou Guimarães, no podcast “As Cunhãs”. O líder do governo revelou que foi procurado por um colega para manter o Dnocs – é sediado em Fortaleza.
“Fale com a Gleisi”, teria dito Guimarães ao interlocutor, referindo-se à ministra de Relações Institucionais. Está correto. Não é justo aliado querer somente o bônus.
Cid deputado
O senador Cid Gomes (PSB) vem se empenhando para fazer a maior bancada de deputado federal no ano que vem.
Esse é o objetivo do esforço para ampliar, cada vez mais, a base de prefeitos em todo o território cearense.
Se for candidato a deputado federal, o ex-governador corre o bom risco de bater recorde de votação para o mandato – o irmão, Ciro, tirou quase 868 mil, em 2006.
O que importa
Registre-se o desapego de Cid em não querer uma reeleição praticamente certa ao Senado. Mas acerta quando foca em deputado federal.
É do tamanho das bancadas que saem os fundos partidário e eleitoral, pedaços do Orçamento da União, tempo na propaganda eleitoral no rádio e TV e fatias de poder no Câmara – inclusive o comando da Casa.
Polarização é jogo de erro mínimo

Não é novidade para ninguém que o governo Lula 3 apresenta sinais de fadiga. Há dificuldades fiscais e pouca criatividade.
Não à toa o Planalto padece de desorganização política no Congresso. A solução tem sido tentar converter erros da oposição em ativos políticos.
Investir na retórica da soberania contra os Bolsonaro no episódio do tarifaço deu certo. Mais recentemente, o presidente vem atacando parlamentares que não dão aval a suas propostas.
É o típico artifício de jogar no erro do adversário. A estratégia é apropriada em disputas acirradas – é o caso da atual polarização.
Dois comentários: a direita está ajudando – erra muito -, e o pau que dá em Chico dá em Francisco.