
O Brasil emitiu 2,14 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GtCO₂e) em 2024 — uma redução de 16,7% em relação a 2023, a maior queda em 16 anos. Descontadas as remoções de carbono pelas florestas, o país lançou 1,48 GtCO₂e, recuo de 22%.
Siga o Poder News no Instagram.
Mesmo assim, o corte não será suficiente para cumprir a meta climática de 2025, segundo o Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), divulgado nesta segunda-feira, 3, pelo Observatório do Clima, a uma semana da COP30, em Belém.
Pelo Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu a limitar as emissões líquidas a 1,32 GtCO₂e em 2025. O Seeg projeta 1,44 GtCO₂e até o fim deste ano, cerca de 9% acima da meta. O relatório aponta que o governo Lula teve de “recuperar quatro anos de prejuízo” deixados pelo aumento de emissões no governo Bolsonaro, mas não conseguiu zerar o passivo.
A principal contribuição para a queda veio da mudança no uso da terra e florestas, com emissões brutas 32,5% menores, totalizando 906 MtCO₂e — das quais 98% vieram do desmatamento. A Amazônia registrou redução de 33%, e o Cerrado, de 41%, impulsionados por ações de controle ambiental.
Mesmo com o recuo, o fogo continua sendo um fator preocupante: as queimadas emitiram 241 MtCO₂e em 2024 — praticamente o mesmo volume do desmatamento. Segundo o Inpe, 38% da área devastada na Amazônia no ano se deve à “degradação progressiva”, que inclui incêndios. “O fogo e o desmatamento estão se desvinculando, o que indica que as mudanças climáticas já afetam as florestas”, alerta Bárbara Zimbres, do Ipam.
Entre os biomas, o Pampa foi o único a aumentar as emissões (6%), enquanto o Pantanal teve queda de 66% após a estiagem recorde de 2023.


