
Em agosto, Lô Borges mostrou uma energia rara para um artista de 73 anos. Lançou “Céu de Giz”, álbum de parcerias com Zeca Baleiro, o sétimo disco de inéditas em sete anos — uma sequência que reafirmava sua inquietude criativa.
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Pouco depois, veio a notícia inesperada: o cantor mineiro foi internado em 17 de outubro, em Belo Horizonte, com intoxicação medicamentosa causada por remédios tomados em casa. No dia 25, passou por uma traqueostomia e respirava com ajuda de aparelhos. Lô morreu na noite de domingo, 2, vítima de falência múltipla dos órgãos, segundo o Hospital Unimed Contorno.
Nascido em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, Salomão Borges Filho cresceu em uma família numerosa e musical. Ainda adolescente, frequentava as rodas de violão do bairro Santa Tereza — berço do Clube da Esquina, movimento que uniu Milton Nascimento, Beto Guedes, Toninho Horta, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e outros nomes decisivos da MPB.
Aos 20 anos, Lô estreou em grande estilo. Em 1972, participou do álbum histórico “Clube da Esquina” e, logo depois, lançou o antológico “Lô Borges”, o “disco do tênis”, símbolo da juventude e da liberdade. Dali saíram clássicos como “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, que atravessaram gerações.
Mesmo avesso à fama, seguiu trilhando uma carreira sólida, entre altos e baixos, marcada pela busca de autenticidade. Em 1979, com “A Via Láctea”, conquistou a crítica. Nos anos seguintes, manteve produção discreta, mas sua influência só cresceu — músicas suas foram regravadas por artistas como o Skank, que transformou “Dois Rios” (parceria com Samuel Rosa e Nando Reis) em sucesso nacional.
Na maturidade, Lô viveu uma nova fase criativa, com álbuns como “Rio da Lua” (2019), “Dínamo” (2020), “Muito Além do Fim” (2021), “Chama Viva” (2022), “Não Me Espere na Estação” (2023) e “Tobogã” (2024), além do registro ao vivo “50 Anos de Música”. Em 2023, sua trajetória foi retratada no documentário “Lô Borges: Toda Essa Água”, de Rodrigo de Oliveira.


