
Araquém Alcântara não fotografa apenas o que vê, ele fotografa o que sente, o que teme perder e o que deseja transformar. Reconhecido como um dos precursores da fotografia de natureza no Brasil, seu olhar atravessa florestas, aldeias, rios e sertões há mais de cinco décadas, construindo uma obra que é simultaneamente poesia, denúncia e testemunho. A riqueza estética e a força da mensagem da obra de Araquém Alcântara poderão ser vistas em Fortaleza a partir deste sábado (08), na exposição “Crônicas da Beleza e do Horror”, em cartaz no Museu da Fotografia Fortaleza (MFF). A mostra será aberta oficialmente às 10 horas, com a presença do fotógrafo, que participará de uma conversa ao lado do curador no auditório do Museu.
“Crônicas da Beleza e do Horror” ocupará o segundo andar do Museu da Fotografia Fortaleza, com cerca de 76 trabalhos que propõem uma experiência intensa. O público se depara com imagens que celebram a grandiosidade da Amazônia, a riqueza da Mata Atlântica, o agreste do Cerrado e a aridez da Caatinga, mas que, ao mesmo tempo, se mesclam à denúncia sobre a devastação ambiental e social que ameaça esses biomas. Cada fotografia é um instante suspenso entre beleza e o horror, um convite à reflexão sobre nossa relação com a natureza e com o outro. A mostra fica aberta a visitação gratuita até março de 2026, sempre de terça a domingo, das 12h às 17h.
Para Araquém Alcântara, fotografar é um exercício de vertigem. “Minha fotografia é a crônica da beleza e do horror”, escreve ele. “É um ato de amor e compromisso, uma tentativa de traduzir em imagens a fertilidade e a violência que coexistem no país, o canto das florestas e o silêncio dos rios que desaparecem.” O fotógrafo é cronista da vida brasileira, poeta das paisagens e defensor incansável do meio ambiente, propondo uma ética de cuidado com o planeta e de sensibilidade social.
A trajetória de Araquém é marcada por um olhar profundo sobre o Brasil, capaz de captar tanto a exuberância da natureza quanto a injustiça imposta aos seus habitantes e ao território. Suas imagens percorrem aldeias, periferias urbanas, indústrias e navios, revelando o país em sua totalidade, das belezas mais sutis às mazelas mais explícitas. Cada clique é um alerta, uma convocação à consciência, um convite para o engajamento.
O curador da exposição, Diógenes Moura, observa que a obra de Araquém é um “arquivo visual de valor inestimável da biodiversidade brasileira”, capaz de nos levar a refletir sobre a urgência de proteger nossas florestas, rios e comunidades tradicionais. Entre epifanias e apocalipses, as fotografias expostas percorrem um território que é, ao mesmo tempo, histórico, ecológico, político e poético, permitindo ao visitante compreender a complexidade e a grandiosidade do Brasil profundo.
Depois da conversa no auditório, o público terá a oportunidade de se conectar ainda mais profundamente com a trajetória do fotógrafo com o lançamento e a sessão de autógrafos do livro Araquém Alcântara – 50 anos de fotografia. A obra reúne imagens e histórias de meio século de intensa produção, celebrando a coragem e a sensibilidade de um artista que se dedica integralmente à documentação e à preservação da natureza brasileira. É também um manifesto visual que evidencia a importância de se manter viva a memória do Brasil, suas florestas, seus rios e seu povo. No mesmo momento, o escritor e curador da exposição, Diógenes Moura, também estará autografando o seu novo romance Sexo & Funeral, publicado pela Editora Martins Fontes.

Sobre o artista
Araquém Alcântara, 74 anos, é apontado pela crítica como um dos precursores da fotografia de natureza no Brasil. Seu trabalho, de notoriedade internacional, constitui hoje uma das mais importantes iconografias contemporâneas sobre o país.
Autor de 62 livros e premiado inúmeras vezes no Brasil e no exterior, sua obra é referência obrigatória em escolas e universidades, além de fonte de inspiração para os jovens.
Seu olhar poético e politizado é marcado pelo fervor de revelar a cultura do povo e a riqueza da natureza brasileira.
Sobre o escritor e curador
Diógenes Moura nasceu em Recife, PE. Escreve sobre existência, imagem, abismo e abandono. Não tem passado e nem futuro. É autor de 15 livros, entre poesia, contos, crônicas e romances. Vive em São Paulo.
SERVIÇO
Abertura da Exposição Crônicas da Beleza e do Horror, de Araquém Alcântara
Data: 08 de novembro de 2025 – até março de 2026
Horário da abertura: 10h
Local: Museu da Fotografia Fortaleza – Rua Frederico Borges, 545, Varjota
Visitação gratuita
Horário de visitação: de terça a domingo, das 12h às 17h.
Livros: Araquém Alcântara – 50 anos de fotografia, edição bilíngue, 508 páginas, cerca de 200 imagens, R$350,00
Sexo & Funeral, Diógenes Moura, Editora Martins Fontes, 140 páginas, R$59,90.
SOBRE O MUSEU DA FOTOGRAFIA FORTALEZA
Inaugurado em 10 de março de 2017, o Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) conta com dois andares de acervo fixo e um dedicado a exposições temporárias.
Com uma equipe de mais de 40 profissionais atuando nos setores de educação, ação social, cultura e administração, o museu garante sua manutenção e realiza atividades que fortalecem a relação com a comunidade e preservam a memória de Fortaleza e do mundo. Atualmente, o museu conta com quatro programas principais, Museu na Comunidade, Museu na Saúde, Museu Acessível e Museu Itinerante, que juntos englobam 12 projetos.
O MFF oferece cursos, oficinas e visitas guiadas, especialmente para a terceira idade, artistas, estudantes e educadores, em parceria com secretarias estaduais e municipais de Cultura, Turismo e Educação.


