
O avanço da inadimplência em condomínios e aluguéis no Brasil já provoca impactos diretos para moradores e para a gestão dos empreendimentos. O não pagamento dessas obrigações expõe os devedores a multas, juros, restrições de crédito e até perda de patrimônio.
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Levantamento da uCondo mostra que a inadimplência condominial atingiu 6,5% no primeiro semestre de 2025. Segundo Raphael Fontoura, CEO da MyBlue e advogado especializado na área, o atraso acarreta multa de até 2%, juro de 1% ao mês e pode evoluir para cobrança judicial. “A insistência no não pagamento leva à execução da dívida, elevando o valor com honorários e correções”, afirma.
O protesto em cartório — que cresceu 200% no país entre 2020 e 2024, segundo o IEPTB — também tem sido usado com frequência. Quando isso ocorre, o condômino fica negativado em serviços como SPC e Serasa, o que dificulta acesso a crédito e serviços financeiros.
No Ceará, o cenário é ainda mais preocupante. O estado registrou o maior valor médio de condomínio do país no primeiro semestre de 2025 e acumula mais de R$ 9 milhões em dívidas condominiais desde 2020, segundo o IEPTB-CE. Em casos extremos, moradores tentam vender imóveis para quitar débitos, mas não conseguem concluir a transferência. “A atualização da matrícula só ocorre após o pagamento integral da dívida e a emissão da certidão negativa”, explica Fontoura.
A inadimplência também avança no mercado de aluguel. O atraso gera multa imediata, juros e pode resultar em rescisão contratual e ação de despejo, conforme a Lei do Inquilinato. Dívidas prolongadas também podem ser protestadas, resultando em restrições de crédito. “O inquilino inadimplente prejudica sua reputação financeira e enfrenta dificuldades para firmar novos contratos”, diz o especialista.
No Ceará, a taxa de inadimplência locatícia chegou a 6,03% em agosto, a maior dos últimos dez meses e a mais elevada entre as 13 unidades avaliadas. Em Fortaleza, o índice ficou em 5,93%, o maior entre as capitais analisadas.
O aumento da inadimplência evidencia que o problema vai além da cobrança mensal: compromete o funcionamento dos condomínios, pressiona os demais moradores e eleva o risco de judicialização. Em um cenário de custos crescentes, manter pagamentos em dia tornou-se essencial para preservar a saúde financeira de condomínios e locações.


