
A violência contra jornalistas na Câmara dos Deputados e a interrupção do sinal da TV Câmara levaram o Senado a realizar, nesta quinta-feira, 11, uma audiência pública para discutir o cerceamento ao trabalho da imprensa.
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O episódio ocorreu na terça, 9, durante a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário.
Enquanto policiais legislativos removiam o parlamentar, profissionais de imprensa foram empurrados e impedidos de registrar a ação.
O senador Paulo Paim (PT-RS), responsável pelo requerimento da audiência, lamentou a violência e manifestou solidariedade aos profissionais atingidos. Ele classificou o episódio como “chocante” e incompatível com a atividade legislativa.
Pedidos de responsabilização
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, informou que a entidade acionou a Procuradoria-Geral da República pedindo responsabilização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por crime de responsabilidade.
Outras representações serão enviadas à OEA, à Comissão de Direitos Humanos e à Comissão de Ética da Câmara.
Violência crescente
A presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Kátia Brembatti, destacou o aumento de agressões físicas, verbais e de assédio judicial. Segundo ela, há hoje 654 processos caracterizados como intimidação a jornalistas, o que impacta diretamente a liberdade de informação.
Para Bia Barbosa, da Repórteres sem Fronteiras, o caso reflete a “normalização” da hostilidade contra jornalistas no país, intensificada nos últimos anos e ainda presente no ambiente político.
A presidente da Fenaj, Samira Cunha, lembrou que o Brasil registrou 144 casos de violência contra profissionais da imprensa em 2024.
Para ela, impedir o trabalho jornalístico compromete o direito da sociedade de ser informada e contribui para a autocensura.

